Amo tanto que pensei em fazer dessa relação um trabalho.
Matei assim o amor, matei assim a palavra.
Desde que assumi o compromisso com a informação a palavra brigou comigo. Emburrou-se de todos os jeitos, de bico e de burra mesmo.
Antes dessa invenção descabida eu não precisava de manual de redação. Agora até parece que não sei mais escrever! Justo eu, que comecei com toda essa loucura por que amava a palavra mais do que qualquer iguaria mineira.
Hoje li que um escritor atinge a sua maturidade quando consegue transcender a influência de sua própria personalidade nos personagens que cria. Sendo assim, como já não crio mais nada e nem tampouco consigo desgarrar de mim o que escrevo, dificilmente eu conseguiria ser uma escritora madura. Pouco encorajadora essa constatação. Será que dá para ser jornalista assim?
Queria era ser um fingidor, que finge ser alheia a dor que sente. Queria era ter o talento do Pessoa, da Clarice e do Drummond. Queria tanta coisa... será que tanta coisa consegue expressar o tanto de coisa que queria?
Hoje tudo são notícias, idéia sem acento e mito da imparcialidade. Mas e a máquina de escrever, o cigarro que não fumo, o café que não me vicia, a inspiração que não me movimenta? Que palavra se dá para essa confusão?
Percebe como a palavra foge? Se foge até de mim que nunca a tratei simplesmente como um amontoado de letras, imagina o que não faz com os mais desavisados.
Não sei se é o fim da linha que está chegando ou se é mesmo só o diploma. O fato é que transformei o amor em trabalho sem saber que dava trabalho desse tanto amar o tempo inteiro.
Tomara que não seja tarde demais para pedir que ela volte feliz e complicada como nos tempos da "contracomunicação".
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