sábado, 27 de junho de 2009

O que faltou dizer

Será que é mesmo preciso entender?
Será que isso é mesmo tão necessário?
Porque se não for, estou indo contra aos meus propósitos de só me desgastar pelo o que realmente importa.
Eu ainda não sei o quanto você importa. Nem se você se importa, nem se quero saber do que te toca.
Faltou eu dizer que gosto de você. Será que essa afirmação te faria algum sentido? Porque pra mim não faz nenhum.
Mais uma vez me enrolo com o que as palavras não ditas poderiam ter sido, e com o que as não ouvidas poderiam ter feito de mim.
Faltou eu dizer que sinto saudades. Falta do que vivi? Dos poucos abraços, do pouco contato, de tudo o pouco que foi. Existem nomes bem mais xulos pro que me acontece, mas eles ainda não combinam comigo. Ainda me resta uma pequena mania de romantizar meus meios... por pouco tempo, eu espero.
Faltou eu dizer que não sou apaixonada por você. É... não sou, não estou, não pretendo ser.
Você me toma de jeitos não convencionais, por isso me encanto, me entrego, me entorpeço e perco meu tempo.
Mas você não tem o que eu procuro, não me oferece o que preciso, não me dá respostas, não me tem por inteiro.
Aqui é desnecessário cuidado, não tenho motivos pra maquiar minhas intenções. Eu te quero sim, mas é um querer estranho, motivado pela certeza de que sou muito melhor que você. Tá vendo como é... não sei quão importantes são essas questões, mas me desgasto tentando entender.
E o mais importante de tudo que não foi dito: quando você é bom, só é bom porque eu quero que seja, esse é o meu meio de justificar meu envolvimento burro, com alguém tão menos como você.
Pois é... devo estar no caminho certo.



quarta-feira, 24 de junho de 2009

Me disseram "contigo a palavra", e eu desembestei a falar.
Mais uma vez como se a palavra pudesse resolver tudo, eu meti os pés pelas mãos.
Essa mania de dar nome pra tudo faz um mal danado. Tem hora que falta nome pra dar.
E coisas desnomeadas me atormentam que é uma peleja!
Eu não me canso de procurar. Aliás, cansei já... mas não sossego até encontrar!
Como se afogar as coisas num balde de água benta pudesse mudar o rumo de tudo... quanta incoerência!!
Pra não sofrer desse mal só nascendo dicionário na próxima encarnação: Layla Aurélio de Houaiss!
=)

sábado, 20 de junho de 2009

Retiro

Eu retiro o que disse na noite passada. Formalmente retiro. Intimamente retiro.
Acabou a brincadeira, seu tempo se esgotou.
Era muito para ser verdade, era tudo muito simbólico demais.
Essas coisas acontecem, não vou cair em tentação e colocar o dedo em minha ferida.
Aconteceu e ponto.
Então eu só retiro a palavra da noite passada, o vazio da noite passada, as lágrimas da noite passada.
Eu retiro minhas últimas intenções, meus resquícios de ilusão, meu suspiro de romantismo.
Como quem faz uma faxina e tira o pó, eu te espano.

Tropeços dessa noite

Meu ciúme, minha alegria, minha satisfação, meu teor alcoolico.
Minha vontade de chorar, meu abraço errado, minhas marcas erradas, meus sinais trocados.
Era você que eu queria essa noite, não um passatempo qualquer, não uma diversão vazia.
Eu queria seu riso, seus gestos, suas idiotices.
Eu queria seu cheiro no meu corpo, não uma coincidência de perfumes.
Minhas mãos procuravam você, meus beijos procuravam você.
Eu te procuro a todo momento, eu busco razões para querer.
Um querer que dure mais que meia hora, um carinho mais cheio de dia seguinte, uma atitude mais eu do que essa crise de personalidade.
Não quero mais um canto, uns apertos e umas mãos. Quero um corpo inteiro, quero um coração cheio.
Quero uma borracha, uma base potente, um corretivo facial.
Quero apagar as marcas erradas, quero tirar o roxo... quero só o rubro de vergonha que vem depois do seu olhar.
Quero você querendo mais do que eu possa suportar.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Memória

    Amar o perdido

    deixa confundido

    este coração.

    Nada pode o olvido

    contra o sem sentido

    apelo do Não.

    As coisas tangíveis

    tornam-se insensíveis

    à palma da mão

    Mas as coisas findas

    muito mais que lindas,

    essas ficarão.

    Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 16 de junho de 2009

...

Você poderia por favor sair de dentro da minha pele?
Porque eu não posso começar isso ainda
E eu não sei quais são as minhas intenções
Elas estão falando em outra língua
Lá no fundo, eu não sou tão dura quanto pareço
Mas eu não deixarei você saber
Até estar certo, eu manterei minha distância
E você deveria ir.
Eu não sou tão forte quanto pareço,
mas não deixarei que você saiba.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Segundo round. Briga no play.

O segredo era não ter descido pro play. Eu não sei brincar mesmo, o que é que fui fazer lá?
Na melhor das hipóteses eu não teria saído com o pé quebrado. E nessa hora desse dia tão X eu queria, de verdade, que estar manca tivesse sido a pior das consequências.
Às vezes, quando olho pra trás e relembro coisas que vivi, muitas delas parecem que simplesmente não aconteceram comigo. Hoje eu desejo com uma intensidade descomunal sentir que tudo o que aconteceu no play não tenha acontecido comigo.
E não é só uma sensação rasa de que não valeu a pena, de que não aprendi nada com os sujeitos das orações. Foi sim pouca coisa além de verbos, mas eu aprendi muito... reconheço isso apesar de continuar achando que os meios realmente não valeram a pena.
Não era essa a minha intenção, mas eu me magoei. E ter que me encarar e me pedir desculpas não é nada fácil.
Eu devia ter escolhido um adversário mais fraco, brigar comigo não é bom negócio. Estou sentindo na pele o poder da auto-condenação.
Eu queria muito bater no coleguinha que me convenceu que era divertido subir no roda roda, mas no fundo eu sei que ele não me convenceu a subir, ele apenas me divertiu. E deve mesmo ser justo eu ser a única de pé quebrado dessa história, quem quis acreditar fui eu.

sábado, 6 de junho de 2009

Limitadamente na minha

Eu quero que você queira. Esse é o meu desejo limitado, meu esporte amador.
Esse descontrole cardíaco é um pedido pulsante para que você entre nesse jogo. 
Eu quero que você esteja na minha. Quero você na minha cidade, na minha cama, na minha vida, na minha.
Quero uma inversão de papéis, uma troca de encantos. 
Cansei de procurar por suas virtudes, preciso agora que você se atente para as minhas.
Eu avisei que era um desejo limitado. Eu não sei o que fazer depois.
Então, não mais que por enquanto, eu só quero que você esteja na minha.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A costura

Os avisos estão em toda parte. São milhares de letreiros brilhantes escancarando em minha frente o perigo que se segue. As advertências são tantas que quase não dá para saber se é mesmo a minha voz que ouço, ou se é uma espécie de guia astral que tenta em vão me proteger.
Parece que tem uma corda me puxando pelo umbigo. Parece que do meu peito sai um ima desnorteado. E na minha cabeça se costura uma colcha de retalhos que nem dobrada em mil conseguiria acalmar o frio que sinto.
Insisto no improvável rezando aos céus que me façam entender essa fixação. E não sei mais qual é o esconderijo preferido da minha tolice, se é a ilusão amarga e quente de estar seguindo meu caminho ou se é a cruel e realista noção do meu desequilíbrio.
Não há prazer em simplesmente transgredir o óbvio, tampouco em tirar água de pedra. E não há evidências de que tamanho esforço e desgaste valeriam a pena em qualquer espaço desse tempo arbitrário que passa em meus relógios.
Não há nada além de uma inocente e triste tentativa de costurar retalhos de brim e seda. Elos de uma existência tão virtual quanto esta página.