Acho que hoje acordei meio melancólica. Ainda não ensaiei crises de saudade da vida de universitária nem parei para pensar que todas as aquelas pessoas não são mais meu convívio diário.
Sei que quando essa ficha cair eu vou cair um tanto junto. Por enquanto só me passam pensamentos breves: "será que fechei as janelas direito? Será que toda essa chuva não está inundando meu quarto e derrubando as janelas da cozinha?". E aí dá uma dorzinha aguda quando me respondo que não tem mais nada meu naquele apartamento, que as janelas devem ter sido consertadas na vistoria e que eu não vou voltar pra lá quando tudo aqui começar a ficar muito demais.
De tudo o que me exigiu providências, desmanchar o 124C foi o mais difícil. Por todo o tempo eu odiei aquela cortina de renda encardida e ignorei o buraco que fiz na parede do meu quarto. E agora me falta até esses detalhes tão dispensáveis.
Sempre gostei muito mais do lugar em que estou agora, mas eu gostava ainda mais quando esse lugar era onde eu sabia estar. É como se eu não soubesse mais estar aqui.
Eu ando querendo encontrar pessoas que nem sequer deviam viver na mesma cidade que eu. Eu passo o tempo todo olhando para a porta, mesmo sabendo que não vai fazer diferença nenhuma se entrar.
E esse movimento todo parece uma tentativa confusa de arrancar pedaços que não deviam fazer parte e grudar de volta os que foram caindo pelo caminho.
Eu leio incrédula papéis e cartas que nem parecem escritas por mim. Conversas que eu nunca tive. Será que fui mesmo eu? Eu olho as fotos e não vejo estampado naquele rosto todo o sentimento que eu vivi. Será que trocaram as pessoas?
E eu me coloco à frente e não escuto nenhuma das palavras que costumavam me guiar por risadas e revoltas. E aí é como se não estivesse mais em mim. Mas está.
E quando tudo isso não parece ter importância nenhuma diante de tanta vida pra ajeitar, eu me pego choramingando ao som de Meet by the water.
Parece que teve pouco ano pra tanta coisa. Dessa vez o tempo me atropelou com mais força do que o habitual. E no fim desse ano eu tenho todo o direito de acordar meio melancólica (dramááática)! Tudo convergiu em uma grande despedida. E quem é que não engasga na hora de dizer adeus?
Então, que tenhamos sabedoria suficiente para deixar guardado nesse ano que acaba tudo o que não merece um lugar em 2010. E que todas as boas coisas não sejam esquecidas, nem distanciadas, por mais que as estradas insistam em não cooperar.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
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