Eu até que tenho bastante coisa pra falar. Eu poderia começar contando como estão sendo os meus dias uberlandenses, como estou me divertindo com os novos amigos e bajulando os amigos de sempre. Ou poderia contar da saudade que tenho sentido de todos os detalhes de Bauru.
Mil coisas muito mais importantes e interessantes mereciam um lugar aqui, e eu me sinto até meio ingrata por não registrar todas as coisas boas e leves que estão pedindo pra entrar na minha vida.... mas, nessa hora em que a gente engasga e tudo o que eu posso fazer é escrever, quem sofre com meu dramalhão mexicano é esse espaço vago e democrático, tão íntimo e tão descarado.
Eu quero falar do que não vale a pena, do que é quase em vão. Eu quero falar das minhas escolhas erradas, das minhas lembranças ingratas e da minha reação inesperada. Muito me espanta tantos esforços desencontrados e tantas vezes o rosto virado. Muito me espanta essa intenção mascarada e essa fuga quase arrastada. E tudo muito me espanta porque eu realmente considero verdade as vezes que gritei em alto e bom som que "quase tudo" passou.
E aí agora escrevo para contar que sinto raiva do quase.
Eu sei que nessa história todos os testes me levaram às piores constatações. E eu sei que se minha mente fez o favor de distorcer a memória do que houve, devo parar de querer saber mais, de ver mais de perto, de ter mais um pouquinho. Meu sub consciente trabalha arduamente para que não me restem traumas e minha teimosia e despeito querem me jogar do meio da confusão... tudo só pra eu testar de novo, pra eu entender o que não tem explicação.
Durante longos meses eu tive a convicção da nobreza desse destino, a firmeza dessas escolhas. Foram tempos em que eu precisava maquiar a minha autopunição. Hoje ainda me resta o "quase", ainda me resta a tremedeira na mão, mas eu já posso me contar do arrependimento, da vontade de apagar o "quase" junto com o "tudo". Eu não quero mais ter essa parte pra lembrar, nem essas angústias pra contar. Eu não quero mais um caminho só.
Pela primeira vez, eu sinceramente não quero mais.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
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