domingo, 21 de fevereiro de 2010

"Eu acho que ele é um cagão"

Eu sei que quase ninguém lê o que eu escrevo aqui, e talvez seja por isso que eu pouco me incomodo com "tanta exposição". Então, sem pensar nas mil interpretações que podem surgir nas cabeças mais curiosas (se é que elas passam por aqui), eu vou terminar de contar uma história. Sim, terminar... porque o começo, o meio, os outros fins e todos os desvios já estão aqui, despidos durante longos meses. Uma gestação inteira pra ser mais precisa. 

No começo do ano passado eu levei um susto. Minha mãe, a discrição em pessoa, me surpreendeu com a seguinte afirmação: "você é uma cagona". Passado o choque pelo uso tão atípico desse "palavrão", eu consegui acompanhar o seu raciocínio - talento necessário aos filhos de psicólogas. É que, segundo ela, eu mesma era responsável pela dificuldade com os meus amores. Eu queria, mas não deixava que eles acontecessem. Queria, mas tinha tanto medo que não dessem certo que já estragava no começo. Eu ainda acho que é coisa de mãe essa história de dizer que a gente não enxerga todas as possibilidades, que só enxerga o que quer ver e que é claro que tem "alguém" disponível pra gente. Mas de quase tudo ela tinha razão. Me apaixonar sempre foi um hobby, mas eu só deixava que fosse até um tanto, nunca deixei que fizessem parte disso de verdade. Então, eu era mesmo uma cagona. E minha mãe mal sabe que muito do que eu fiz foi por causa dessa grande "revelação".

Do meio vocês já sabem. Está tudo aqui. Talvez hoje eu não escreveria exatamente com as mesmas palavras, e isso é porque agora eu não sinto da mesma forma, mas eu respeito tudo o que eu senti e entendo que todas elas eram a minha verdade. Negar o óbvio seria a maior das minhas burrices.

Hoje a minha mãe, sem saber, me fez voltar no tempo e lembrar quando foi exatamente que as coisas mudaram pra mim. Dessa vez o discurso foi o seguinte: "Minha filha, é muito triste viver de migalhas da atenção de alguém ou de qualquer coisa. Ninguém merece viver de migalhas, sejam elas quais forem. E vc, especialmente você, não merece as migalhas que tem tido. O mérito, o talento, a capacidade e o que ficou são seus. Tudo o que ele te ofereceu é muito pouco, e eu acho que ele é um cagão".

Preciso dizer mais alguma coisa?

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